Polícia desarticula esquema de fraude no DPVAT, em Juiz de Fora-MG
Quadrilha de Juiz de Fora é suspeita de receber indenização e não repassar às vítimas de acidentes
LEONARDO MORAIS
Empresário e dois advogados foram presos, mas outros dois envolvidos no golpe estão foragidos
A quadrilha é acusada de não repassar o dinheiro do seguro aos acidentados ou às famílias. Uma escrivã da Polícia Civil, que foi afastada do serviço, também teria participação na fraude.
O bando embolsava o dinheiro destinado aos parentes de mortos no trânsito, além de um complemento da indenização, previsto em lei. O DPVAT paga R$ 13.500 em caso de morte por acidente de trânsito, até o mesmo valor para pessoas que ficam inválidas e R$ 2.700 a título de ressarcimento por despesas médico-hospitalares.
“O golpe não é aplicado somente em Juiz de Fora. Temos oito processos arquivados que são da Bahia”, informou o delegado Rodolfo Rolli, responsável pelas investigações. Nesta terça-feira (25) ele tomou o depoimento de quatro pessoas que não receberam o seguro. Juntas, elas deveriam ter ganhado R$ 200 mil.
A polícia também suspeita que a quadrilha tenha feito vítimas em São Paulo e no Distrito Federal. As vítimas eram convencidas a assinar procurações para serem representadas pelos advogados para sacar o DPVAT. Mas nem sempre o dinheiro pago pela seguradora chegava até elas no final do processo.
De acordo com Rolli, há situações em que os advogados receberam cheques de R$ 26 mil referentes ao acerto do seguro, mas o acidentado nem ficou sabendo que o processo chegou ao fim.
Durante a operação, a polícia apreendeu computadores e pilhas de documentos no escritório da empresa de Assistência às Famílias Vítimas de Acidente de Trânsito (Afavat), na Avenida Rio Branco, no Centro de Juiz de Fora. O material será periciado.
O delegado acredita que os advogados presos tenham apresentado mil pedidos de indenização. Parte deles foi feita à Justiça, mas não é possível definir o prejuízo financeiro causado pelos golpistas. Só no Fórum de Juiz de Fora, há mais de 200 ações movidas pelos mesmos profissionais. Entre os casos apurados está o de um cidadão cujo processo foi instaurado sete meses após sua morte.
Entre os cinco suspeitos que tiveram a prisão temporária decretada pelo juiz José Armando da Silveira estão os advogados Alexandre Couceiro Freitas Silva e Domingos Sávio Gussen e o empresário Sandro Ricardo Moreira, proprietário da Afavat. O Hoje em Dia tentou contato com algum representante dos supostos envolvidos no esquema, mas não obteve retorno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário